quarta-feira, 1 de julho de 2009

COMPUTADOR PARA PROFESSORES: REVOLUÇÃO, MEDOS E ALEGRIAS.

Uma novidade no Estado do Rio de Janeiro: assumindo a Secretaria de Estado de Educação, a Secretária Cristina Porto abriu as portas com uma novidade para os professores, qual seja a da entrega de computadores com Internet a bordo e de graça.Sempre ouvi dizer que os professores não tinham computadores porque o salário não permitia comprá-los, que a Internet estava à distância também por causa dos salários. Estas afirmações envolvem uma séria verdade: o baixo salário dos professores na maioria dos municípios e Estados do Brasil.

Contudo, diante da novidade, algo mais sério chamou-me a atenção: alguns grupos de professores vaiaram a iniciativa do governo afirmando que o aumento salarial era mais importante que os computadores.

Num colóquio sobre educação com um curso de Pedagogia, ouvi questionamentos sobre a validade da entrega dos computadores sem um prévio curso de capacitação para os professores.
Falam os jornais, fala a televisão, alguns defendem e outros atacam. Sentindo há muitos anos que o computador foi e é uma ferramenta excelente para facilitar minha vida profissional comecei, com o devido cuidado, a pensar sobre essas divergências diante de um fato que, na minha ética, é uma coisa muito boa.

A reação normal dos professores obedece é formação de nosso pensamento: ele é cartesiano. O cartesianismo está atrasado, porém, muitos ainda pensam desse modo. Primeiro seria necessário preparar a pessoa e, somente depois, colocá-la em contato com o computador. Não há uma visão de entrelaçamento e de instantaneidade. Ao mesmo tempo em que você usa, você está aprendendo e vice-versa. Os computadores são professores e eles têm uma enorme paciência para ensinar aos seus alunos através dos mecanismos de ajuda. Eles repetem quantas vezes se tornar necessário até a pessoa aprender. Nesse sentido não há necessidade de se preparar e, somente depois, começar a fazer. Nós aprendemos antes de fazer, enquanto fazemos e depois de fazer. No caso dos computadores aprendemos enquanto fazemos. Mas a visão cartesiana não comporta tal pensamento. Então cabe aos professores repensar o seu modo de ver o mundo e as coisas para que, uma adaptação a novos paradigmas, possa permitir a aceitação do uso de uma ferramenta realmente potente.

O outro lado da questão é a facilidade que os professores terão na vida profissional. Mas, o que atrapalha pensar que um banco de provas caberá dentro dos computadores? O que servirá para não convencer o professor de que os acessos à internet corresponderão a uma contínua formação necessária para a manutenção do próprio prazo de validez e reivindicação de melhores salários? Por que um professor sente tanto medo diante da novidade?

São várias as respostas a estas questões: nós ainda temos em nossa consciência, os valores da cultura do papel. Acreditamos no papel, no livro, no caderno e na apostila. Não acreditamos ainda, com segurança, nos arquivos virtuais; os paradigmas aos quais estamos presos não nos estimulam a buscar este mundo novo e fascinante da internet; estar conectado numa infovia nos parece quase impossível diante do mundo palpável das estradas, do correio, do telefone e do fax.A questão, em primeiro lugar, é de uma mudança urgente de paradigma que esta ferramenta, o computador, tem todo o prazer de colaborar. Um dos problemas do mundo, e que não é problema futuro, corresponde ao analfabetismo digital. As distâncias entre os conectados e desconectados é fatal no campo do conhecimento. Ora, nós estamos exatamente nessa sociedade: a do conhecimento. Os professores lidam com conhecimento. Se um professor desenvolver a sua capacidade de conhecer e atualizar-se ele está numa profissão onde o emprego é dos mais seguros.

Portanto, a medida é para ser aplaudida. Ela não exclui melhoria salarial porque ambas podem estar juntas como o aprender a lidar com computadores enquanto se aprende, também pode andar junto.

No entanto é importante olhar o verso da moeda: se um professor em qualquer circunstância, por culpa ou não do empregador, não estiver atualizado, seu salário continuar baixo e ele sem condição de apresentar competência que faça jus a um salário maior.

A realidade está mostrando que os alunos estão nos ultrapassando e a velocidade é muito grande. Precisamos acordar enquanto há tempo e se órgãos públicos facilitam a nossa vida com a oferta de alguma ferramenta que nos ajude, vamos aproveitá-la em nosso benefício. Ela poderá ser a alavanca de nosso progresso ou o alicerce seguro de nossa permanência no magistério.
Escrito por Hamilton Werneck
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