quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Medo na era da Liquidez.

Show de audiência: horror, gozo e medo na tv (1º parte)


Os meios de comunicação, especialmente aqueles que se aproveitam dos mecanismos sensacionalistas de exposição das mazelas sociais, seriam afetados caso o medo fosse extinto, pois não haveria mais a possibilidade de explorarem a elevação dos níveis de audiência por meio dos estímulos estéticos fortes proporcionados pela exibição de cenas violentas, que exercem sobre a afetividade humana um impacto ambíguo: ao mesmo tempo em que geram a repugnância, geram também o desejo de contemplação do horror. A sociedade da informação, na era pós-moderna, continua sectária da "concupiscência do olhar". Da mesma forma que um desastre desperta a curiosidade do indivíduo que se encontra próximo ao local desse acontecimento fatídico e vai ver todos os detalhes possíveis, assim também se dá quando os desastres são transpostos para as imagens da televisão. O máximo de prazer estético que pode ser fornecido ao telespectador por uma rede de TV é a exibição da morte de um indivíduo, ou, em circunstâncias mais atenuadas, dos conflitos entre as forças policiais e os criminosos, as ações de assaltantes, ou ainda as gravações secretas de repórteres sobre as vendas de drogas por traficantes. Em todas essas circunstâncias há no telespectador a erupção da repugnância, do horror e da lamentação, mas também um gozo secreto de prazer pela oportunidade que lhe é concedida de ver, sentado confortavelmente na poltrona, a destruição humana em múltiplas maneiras. O resultado existencial dessa soma de imagens, todavia, não tarda a aparecer, e é o medo.

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