terça-feira, 16 de junho de 2009

Sala de aula mais animada


Avalie os prós e contras do uso em classe de programas de animação, como o Scratch, criado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts.


O Scratch é um programa gratuito, voltado para crianças e jovens, que permite a criação de animações. Criado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o “criador de animações” tem entusiasmado professores no mundo inteiro e já tem uma versão disponível em português. Segundo Mitchel Resnik, diretor do MIT e um dos criadores do Scratch, a sociedade moderna exige que os alunos pensem, cada vez mais, criativamente. Mitchel defende a ideia de que seu programa ajudaria crianças e professores a repensar a educação, tendo em vista a necessidade criativa alimentada pela difusão de novas tecnologias.


O criador de animações tem uma linguagem simples que, como dito no site oficial do programa, se assemelha ao Lego. A interface do Scratch é, realmente, muito intuitiva. Existem pequenas barras que tratam dos movimentos, sons e interfaces. Essas barras, conectadas entre si, fazem com que um objeto se mova. O programa tem linguagem lúdica que não necessita de nenhum conhecimento prévio de programação.


O site oficial do programa (http://scratch.mit.edu) oferece, além do download gratuito, um verdadeiro ambiente de troca de ideias e projetos. O usuário que faz um cadastro no site tem a possibilidade de inserir em uma galeria virtual as animações que sua classe produziu. As criações não se limitam a animações, mas podem ser, também, pequenos jogos. Além disso, os criadores do programa têm um cuidado especial com os educadores interessados em fazer uso dessa tecnologia. Para eles, criaram fóruns de discussão no site, inclusive em português.


Uma experiência com o Scratch


A professora carioca Tatiane Martins fez, recentemente, uma experiência com o Scratch nas suas turmas de Língua Portuguesa do Colégio Santo Agostinho. O trabalho com o programa foi elaborado dentro de uma WebQuest, que tinha como tema o Rio de Janeiro da época de Machado de Assis. “A tarefa era a produção, em animação, de uma passagem de um dos quinze contos de Machado de Assis lidos pela turma”, conta Tatiane. Segundo a professora o trabalho foi interdisciplinar, passeando entre as disciplinas de Língua Portuguesa e Informática. Tatiane explica que, do ponto de vista de sua matéria, o uso do Scratch foi útil, pois motivou os alunos a ler os contos selecionados.


O professor de Informática da escola, José Emílio Ventura, acredita que o Scratch é um programa de manuseio simples. “Os alunos já estão acostumados com o uso de diversas formas de tecnologia e por isso não encontram problemas para trabalhar com o Scratch, que tem uma linguagem operacional muito simples”, explica Ventura. Tatiane, que se diz leiga quando o assunto é computador, conta que conseguiu desenvolver algumas animações e imagina que o programa deve ser simples para alguém que já nasceu em contato com esse tipo de tecnologia. “Levei o programa para casa e meu filho de 9 anos, que sonha ser programador de jogos de videogame, conseguiu desenvolver, sozinho, uma animação”, conta a professora.


Tatiane e Ventura enxergam diversos pontos positivos no uso do software em sala de aula. “Cada movimento criado no programa tem o seu tempo e sua ordem, os alunos precisam desenvolvê-los de modo que tenham começo, meio e fim. Isso é muito semelhante à estrutura sintática e toda a ‘costura’ que um texto deve ter”, explica a professora, que diz usar esse exemplo quando trata de redação com seus alunos. “O Scratch possibilita uma nova forma de se reproduzir uma ideia, a partir da criação de uma animação”, conclui Ventura.


A única ressalva feita por Tatiane é que a utilização do programa demanda tempo e isso pode acarretar na “perda de conteúdo” formal. No entanto, no saldo de prós e contras, tanto a professora de Português como o de Informática acreditam que a utilização do programa seja positiva. “O Scratch ajuda a treinar outras formas de descrição de uma ideia, saindo do padrão de textos e animações tutoradas. A criação fica totalmente na mão do aluno”, finalizam.


Simuladores de fenômenos e conceitos


O professor de Física José Carlos Antonio, da Escola Estadual Neuza Maria Nazatto, de Santa Bárbara D’Oeste (SP), trabalha com o uso pedagógico de Tecnologia da Informação e Comunicação e faz algumas críticas à utilização de softwares como o Scratch. Assim como Tatiane, Antonio faz ressalvas ao tempo levado para a produção de animações. Segundo o professor, o uso desses programas deve ser bem orientado e definido, em caso contrário, corre-se o risco de se perder o foco do trabalho. Antonio diz que, particularmente, não é um entusiasta do Scratch, por acreditar que o programa requer um tempo que nem sempre existe.


Em vez do Scratch, o professor de Física trabalha com animações, ou melhor, simuladores que já foram produzidos e não demandam o tempo de criação exigido pelo Scratch. “Uma das dificuldades encontradas por professores da área de Ciências diz respeito aos fenômenos e conceitos que requerem experimentação, demonstrações ou representações gráficas, como, por exemplo, o movimento de átomos e a colisão de moléculas”, diz Antonio. Nesse ponto, a veiculação de simulações, posteriormente produzidas, é de extrema utilidade, acredita o professor. “A demonstração desses fenômenos pode ser feita a partir de simuladores, conhecidos como ‘Applets Java’, pequenos programas que rodam a partir dos navegadores e que nos permitem simular, em computador, o comportamento de sistemas físicos.”


Na internet é possível encontrar diversas simulações gratuitas, como as usada por Antonio. “Basta digitar na busca do Google ‘applets Java’ e o nome da disciplina que você leciona e aparecerão centenas de links com applets à disposição”, sugere o professor.


Texto elaborado por André de Oliveira.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi
Olha este site contém excelentes experiências. Sou Mucaniwa, de Moçambique em Africa, estudante no Instituto Superior de Educação e Tecnologia. Os meus métodos de aprendizagem são mais ligados ao TIC ou sistema digital. Mas o que acontece é que na maioria das escolas no meu país não possuem se quer 1 computador em especial nas zonas rurais onde é a minha zona favorita de trabalho. Gostaria que tivesse suas ideias um pouco ou muito práticas e exequíveis: Abdul.mucaniwa@yahoo.com.br ou skype: mucaniwa
Abraço irmão, sucessos.
Abdul A. Mucaniwa
Maputo, Moçambique

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